É com muito orgulho que anunciamos os primeiros concertos MarimBrasil! É uma imensa satisfação dividir essa alegria com os meus amigos da banda e apoiadores incondicionais!
Dias 7 e 8 de Setembro no Teatro Nilton Filho as 16h. Gostaria de ver muita gente lá. E a dica é garantir o seu ingresso rapidamente, pois o Teatro possui em torno de 70 lugares. As informações estão todas no cartaz abaixo.
Sempre é bom lembrar que o MarimBrasil é um projeto que lida essencialmente com a música do Zimbabwe, através das marimbas e percussão. O nosso repertório é composto por canções africanas alegres e contagiantes que falam sobre o dia a dia e sobre a cultura do Sul da África.
É a primeira vez que o Brasil irá ouvir o som desses instrumentos, produzidos por Roberto Luis Castro do atelier Construindo o Som, sob orientação de Maurício Weimar, líder do grupo. Somos bastante orgulhosos em saber que estamos desenvolvendo um trabalho pioneiro e muito sincero.
Não deixem de conferir as próximas postagens com o primeiro vídeo do grupo!
Nos vemos em breve...
quarta-feira
A história das Marimbas do Zimbabwe - Parte 3 (última)
Além
de Kwanongoma: a propagação das bandas de marimba.
Kwanongoma cresceu e prosperou sob a liderança de Leslie
Williamson, Olof Axelsson e Alport Mhlanga de 1960 até 1980. Durante esse
tempo, muitos conjuntos de marimba foram construídos, inicialmente para escolas
primárias como Mzilizaki, Losikeyi e Msitheli, e posteriormente para os centros
comunitários e escolas de ensino médio. Em 1973, Northlea tornou-se a primeira
escola de ensino médio em Bulawayo a ter uma banda de marimbas, seguida por
Founders, Milton, St. Columbus e muitas outras. A primeira banda em Northlea foi
ensinada por Mhlanga em 1973 e pelos estudantes de Kwanongoma até 1974. Essa
foi uma ação bastante radical durante um tempo em que ainda havia segregação
racial, pois os alunos de Kwanongoma eram negros e os alunos de Northlea eram brancos.
Entretanto, o acordo funcionou muito bem, provando que as marimbas eram, com
certeza, instrumentos adequados para estudantes de qualquer etnia no Zimbabwe,
e consequentemente, para estudantes de qualquer lugar do mundo.
A educação musical era apenas uma parte do treinamento em
Kwanongoma. Além de aprender a tocar
marimbas e mbiras, os estudantes eram instruídos para construir esses
instrumentos. Com esse treinamento, qualquer estudante graduado em Kwanongoma
poderia ir para qualquer lugar no mundo e criar uma banda de marimbas, contanto
que houvesse madeira adequada, e ferramentas disponíveis. Na verdade, foi
exatamente assim que as marimbas no estilo Zimbabwe foram introduzidas nos
Estados Unidos. Em 1968, Abraham Dumisani graduou-se em Kwanongoma e foi para a
Universidade de Washington, levando todo o seu conhecimento musical. Como
resultado de sua influência, as bandas de marimba começaram a se espalhar pelo
norte da América, e consequentemente para outras cidades dos Estados Unidos e Canadá.
Marimbas
estilo-Zimbabwe
Entre 1960 e 1980, desenvolvou-se três tipos diferentes de marimbas
estilo-Zimbabwe. O primeiro tipo foi desenvolvido em Kwanongoma em 1960 e foi
introduzida nos Estados Unidos em 1968 por Abraham “Dumi” Maraire. Naquela
época, as marimbas de Kwanongoma ainda tinham a armação em madeira em vez de
metal, e não havia razão para mudar isso nos Estados Unidos onde a madeira era
abundante e barata. Todos os ressonadores era feitos de tubos de PVC com
pequenos buracos para os buzzers (pedaços
de plástico fino que vibram com o vento que as teclas produzem quando tocadas) presos com uma
espécie de massa de modelar. Posteriormente, algumas mudanças foram adotadas
nos Estados Unidos, como o colocar os buzzers ambaixo dos ressonadores e não ao
lado dos tudos, assim como criar marimbas baixo muito maiores e com sonoridade
mais forte.
Um segundo tipo de marimba foi criado em Kwanongoma por Olof
Axelsson, Alport Mhlanga e Elliot Ndlovu nos anos 1970. Axelsson queria
intrumentos com com uma sonoridade e aparência mais tradicional, como as
cabaças naturais. Para conseguir isso sem perder durabilidade, ele substituiu
os tubos de PVC das marimbas baixo e barítono por ressonadores de fibra de
vidro em formatos de cabaças. Para as marimbas menores, ele esquentava os tubos
por dentro, causando um alargamento dos mesmos e deixava o exterior com uma
aparência de queimado, usando um maçarico. Assim foi possível deixar os tubos
um pouco mais arrendondados, e uma textura parecida com casca de árvore por
fora. Os ressonadores eram presos a pequenos tubos, o que permitia o ajuste dos
mesmos. As teclas eram decoradas com padrões de zigue-zague feitos também com
um maçarico, ao invés de um verniz brilhante. A armação de madeira foi
substituída por armações de metal, com tubos quadrados articuláveis. Essa
mudança foi sugerida por Mhlanga, em 1978, após os estudantes de Kwanongoma
retornarem de uma turnê pela Suécia e Finlândia, que foi o teste de
durabilidade dos instrumentos.
O terceiro estilo foi desenvolvido por Axelsson no Zimbabwe
em 1980, após deixar Kwanongoma am 1981. Era um modelo bem diferente tanto do
mais velho quanto do mais novo estilo de Kwanongoma, pois baseava-se nas
timbilas tradicionais do povo Chopi de Mozambique. Os instrumentos era bem
leves e de altura inferior, próximos ao chão. Não eram articuláveis e tinham
ressonadores feitos de alumínio arredondados com buzzers. As teclas eram
suspensas sobre os ressonadores através de cordões, ao invés de apoiados sobre
a armação, criando uma sensação de mola, similar a timbila. Esses instrumentos
empregavam a mesma escala diatônica (incluindo Fás sustenidos) do estilo
Kwanongoma, mas eram menores e sonoramente menos volumosas.
Axelsson faleceu em 1993 enquanto trabalhava sua tese de
Doutorado na Universidade de Lund na Suécia. Sua esposa e uma de suas filhas
continua a construir marimbas no estilo Chopi nos Estados Unidos e Suécia.
Epílogo
Hoje, sem as importantes lideranças, a escola de Kwanongoma
não representa mais uma significativa
força da música do Zimbabwe para o mundo. Como uma árvore definhando, mas que
ainda produz sementes cheias de vida esperando pelo vento a levá-las a criar
raízes em lugares distantes, o seu legado ainda vive. O legado das marimbas de
Kwanongoma vive através de seus ex-professores, alunos. Com um tempo de vida de
um pouco mais de quarenta anos, as marimbas do Zimbabwe foram realmente longe.
Talvez a sua jornada esteja somente começando.
A autora gostaria de expressar profunda gratidão ao sr.
Alport Mhlanga por fornecer inúmeros detalhes da história das marimbas do
Zimbabwe, e pela constante assistência durante a o processo edição.
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