Como tudo começou. Por Maurício Weimar

" Islândia, 2009...






Meu primeiro contato com a marimba africana se deu em 2009 quando assumi a direção de um grupo de marimbas na Islândia. Até então meu conhecimento sobre esse instrumento era muito limitado e não fazia a menor noção do quanto esse encontro mudaria minhas perpectivas musicais.


A cada encontro com o grupo pude perceber que a identidade musical fazia parte fundamental do processo de aprendizagem. Mesmo a Islândia não sendo um país de afro-descendentes e muito menos ter relações culturais com a África, nota-se que há uma abertura cultural para a cultura africana e latina em muitos países nórdicos, como a Noruega, Suécia e a própria Islândia. Esta abertura me incentivou a buscar mais conhecimento do instrumento e desenvolver um novo projeto pedagógico para os meus alunos. Foi neste momento que entrei em contato com projetos paralelos semelhantes na Suécia, através do Grupo Zimba Marimba.


O sentimento de grupo como parte do processo de aprendizagem e vivência musical é extremamente importante para o seu desenvolvimento e sucesso. O contato diário, a rotina musical são fundamentais para este aprendizado. Depois de dois anos ensaiando e ensinando diversos grupos de marimbas, senti que era o momento de levar a música para fora da sala de aula e mostrar a comunidade seu valor e sua importância. Os ensaios diários, as apresentações foram de grande importância para o desenvolvimento da performance do grupo. As diferanças dos alunos de 2009 para os de 2011 são grandes e pode-se perceber que o resultados são crianças mais auto-confiantes, conscientes da importância e do sentimento de grupo, engajadas socialmente entre muitos outros benefícios.



Morar na Islândia tem sido uma experiência gratificante e extremamente enriquecedora. Experiência esta que tem despertado minha cosnciência para minha própria identidade cultural. Diante das complexidades do mundo moderno e dos problemas que a sociedade tem enfrentado, vejo que é de suma importância trabalharmos com flexibilidade a cultura local de certa comunidade e até mesmo adaptar essa cultura agregando os fatores positivos da vivência humana e eliminando os fatores negativos. Em outras palavras, acredito que a cultura é um meio flexível onde podemos sempre inserir e elimar conceitos sociais mas que depende apenas de engajamento, consciência e muita boa vontande.

Essa nova consciência, que tem sido carro chefe de muitos projetos sociais, tem se tornado uma necessidade constante na minha própria vivência como ser humano. Diante disto tomei a decisão de voltar para o Brasil e levar esse projeto das marimbas africanas para comunidades carentes."